
Clínicas e Nutrição

Artigo-Por Francis Flosi – médico veterinário e diretor geral da Faculdade Qualittas
Os resultados divulgados pelo IBGE sobre a pecuária brasileira no 2º trimestre de 2025 confirmam a relevância e a resiliência do setor para a economia nacional. Os números mostram avanços em diferentes cadeias produtivas, ainda que com nuances que merecem atenção de produtores, consumidores e gestores públicos.
Foram abatidas 10,46 milhões de cabeças de bovinos, o que representa alta de 3,9% em relação ao 2º trimestre de 2024 e 5,5% frente ao trimestre anterior. Destaca-se o aumento de 16% no abate de fêmeas, indicando que a recomposição dos rebanhos ainda não se consolidou. Esse movimento pode afetar a oferta futura e exige cautela estratégica por parte dos pecuaristas.
O abate de suínos chegou a 15,01 milhões de cabeças, o melhor resultado da série histórica iniciada em 1997. Houve crescimento de 2,6% em relação a 2024 e de 4,1% em comparação com o 1º trimestre de 2025. O destaque vai para estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, que puxaram a alta. Esse desempenho reforça o protagonismo da suinocultura brasileira no abastecimento interno e no mercado exportador.
A avicultura segue como pilar da produção animal. No trimestre, foram abatidas 1,64 bilhão de cabeças de frango, alta de 1,1% em relação a 2024, embora com queda de 0,4% frente ao trimestre anterior. O Paraná segue na liderança nacional, com mais de um terço da produção. Apesar da retração pontual, o setor mantém sua força como principal fornecedor de proteína animal para o mercado interno e externo.
A aquisição de leite cru somou 6,50 bilhões de litros, aumento expressivo de 9,4% sobre o mesmo período de 2024 – o maior resultado da série histórica para um segundo trimestre. Minas Gerais lidera com quase um quarto da captação nacional. O avanço reflete maior profissionalização na cadeia láctea, mas ainda há desafios relacionados ao preço pago ao produtor e à estabilidade de mercado.
Os curtumes receberam 10,75 milhões de peças de couro bovino, alta de 4,6% em relação ao ano anterior, com Goiás na liderança. Já a produção de ovos alcançou 1,24 bilhão de dúzias, crescimento de 6,2% frente a 2024. São Paulo permanece como o maior produtor do país, consolidando a importância dessa proteína na dieta do brasileiro e na indústria alimentícia.
A pecuária brasileira reafirma sua força, mas os dados do IBGE mostram que o crescimento precisa ser acompanhado de planejamento sustentável, inovação tecnológica e atenção ao equilíbrio dos rebanhos. O aumento do abate de fêmeas bovinas, por exemplo, pode impactar o futuro da cadeia, enquanto os recordes na suinocultura e na produção de ovos evidenciam potencial de expansão com ganhos de produtividade.
Na Faculdade Qualittas, reforçamos o compromisso de formar profissionais preparados para atuar nesses cenários complexos, unindo ciência, gestão e responsabilidade socioambiental. O futuro da pecuária brasileira depende cada vez mais de conhecimento técnico aliado a boas práticas produtivas.