
Curiosidades

O que é Saúde Única e por que ela importa
A Saúde Única — também conhecida como Uma Só Saúde ou One Health — é uma abordagem que reconhece a conexão direta entre a saúde humana, animal e ambiental.
Em um mundo cada vez mais interligado, doenças, desastres climáticos e desequilíbrios ecológicos mostram que nenhum sistema de saúde funciona isoladamente. O que afeta o meio ambiente e os animais, inevitavelmente, afeta também as pessoas.
A Medicina Veterinária tem ganhado protagonismo nessa discussão, atuando não apenas no cuidado clínico, mas também em políticas de segurança alimentar, sustentabilidade e prevenção de zoonoses. Ainda assim, as ações concretas de Saúde Única avançam lentamente — e dependem de vontade política, investimento e cooperação entre setores.
O documento One Health No Health resume bem o conceito:
“As saúdes humana, animal e ambiental estão intrinsecamente relacionadas; a proteção de uma afeta inevitavelmente a outra e o todo.”
Essa ideia, mais do que uma teoria, é um alerta prático. Pandemias, resistência antimicrobiana e as mudanças climáticas são consequências diretas da falta de integração entre os sistemas.
Compreender essa interdependência é o primeiro passo para políticas de saúde mais eficientes, sustentáveis e justas.
Avanços conquistados pela abordagem Saúde Única
Nos últimos anos, o conceito de Saúde Única deixou o campo acadêmico e passou a orientar políticas globais e regionais. Entre os principais avanços:
1. Reconhecimento internacional
Instituições como a OMS, FAO, OMSA e UNEP incorporaram a Saúde Única em suas agendas. O Painel de Especialistas de Alto Nível One Health (OHHLEP) criou diretrizes mundiais e estratégias integradas de ação.
2. Expansão da conscientização
Congressos, eventos e publicações científicas ajudaram a difundir o tema. A sociedade começa a entender que a saúde é coletiva, e que cuidar dos animais e do ambiente é também cuidar das pessoas.
3. Integração científica e acadêmica
Universidades passaram a investir em pesquisa transdisciplinar, combinando epidemiologia, medicina veterinária, ecologia e ciências sociais. Essa união tem gerado novas ferramentas de vigilância e diagnósticos mais rápidos.
4. Políticas públicas e ODS
A Saúde Única está ligada diretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os de número 3 (Saúde), 6 (Saneamento), 13 (Ação Climática) e 15 (Vida Terrestre).
Apesar dos avanços, ainda há grandes desafios para a implementação plena da abordagem:
O preço da inação: riscos de ignorar a Saúde Única
Não adotar o paradigma da Saúde Única é abrir espaço para crises interligadas e persistentes:
Aumento das zoonoses
O desmatamento, o tráfico de animais e a urbanização descontrolada ampliam o risco de doenças infecciosas emergentes, como Covid-19, influenza aviária e febre aftosa.
Resistência antimicrobiana
O uso excessivo de antibióticos na medicina e na agropecuária acelera o surgimento de superbactérias, tornando infecções comuns cada vez mais difíceis de tratar.
Crise alimentar
Doenças em rebanhos e contaminação ambiental afetam diretamente a produção e a segurança dos alimentos, ampliando a fome e a desnutrição.
Colapso ambiental
Sem ações coordenadas, o planeta enfrentará perda de biodiversidade, poluição crescente e eventos climáticos extremos.
Desigualdade e injustiça social
Os mais pobres são os primeiros a sofrer com as consequências da falta de saneamento, degradação ambiental e colapso dos sistemas de saúde.
As consequências de um mundo sem Saúde Única
Sem a integração entre saúde humana, animal e ambiental, enfrentaremos:
A Saúde Única é mais do que uma diretriz técnica — é um compromisso ético com o planeta e com as futuras gerações.
Ignorá-la significa comprometer não apenas a saúde, mas a própria continuidade da vida em equilíbrio.
A Saúde Única representa a compreensão de que todas as formas de vida compartilham o mesmo destino.
Humanos, animais e meio ambiente estão ligados por um fio invisível que sustenta a existência — e esse fio precisa ser protegido com políticas públicas, ciência e cooperação.
Promover a Saúde Única é investir na vida, na sustentabilidade e na justiça social.
Como reforça o documento One Health No Health:
“As barreiras podem ser intransponíveis sem o entendimento da humanidade.”
Agir de forma integrada não é mais uma escolha — é o imperativo do nosso tempo.