Alimentação
Por Prof. Francis Flosi – médico veterinário e diretor geral da Faculdade de Medicina Veterinária Qualittas
A alimentação animal tem impacto direto na qualidade dos produtos de origem animal que consumimos diariamente. Do sabor da carne à textura da gema do ovo, a composição da dieta de bovinos, aves e suínos influencia não apenas as características sensoriais dos alimentos, mas também seu valor nutricional e segurança.
Para o médico veterinário, compreender essa relação é essencial — afinal, ela está no centro da saúde única que conecta animais, humanos e meio ambiente.
A dieta animal e seus reflexos na nutrição humana
Estudos mostram que a alimentação dos animais pode alterar significativamente o perfil lipídico e o conteúdo nutricional dos alimentos.
Dietas que incluem pastagem ou linhaça, ricas em ácidos graxos ômega-3, aumentam a concentração dessas substâncias nas carcaças.
Essas variações impactam diretamente o sabor, a textura e o valor nutricional de carnes, leites e ovos — o que reforça a importância de dietas equilibradas e manejadas por profissionais capacitados.
Exemplo prático: do campo ao consumidor
- O uso de sorgo no lugar do milho resulta em gemas menos pigmentadas por conter menos carotenoides.
- Vacas alimentadas com pastagem fresca produzem leite com mais ácidos graxos insaturados e teor de gordura equilibrado.
- Aves poedeiras suplementadas com linhaça geram ovos naturalmente enriquecidos com ômega-3, considerados alimentos funcionais.
Alimentos funcionais e o papel da Medicina Veterinária
Os chamados alimentos funcionais — que além de nutrir, trazem benefícios à saúde — são resultado direto de um bom manejo nutricional.
Ao ajustar a dieta dos animais, podemos produzir alimentos mais saudáveis, com impacto positivo na saúde humana.
Cabe ao médico veterinário zootecnista orientar sobre a formulação de dietas, avaliar a qualidade dos ingredientes e garantir que os suplementos e aditivos sigam os limites estabelecidos pelo MAPA e pela Anvisa.
Segurança alimentar começa na nutrição
Uma dieta inadequada pode comprometer toda a cadeia produtiva. Grãos mal armazenados, por exemplo, podem conter micotoxinas, substâncias tóxicas que afetam tanto os animais quanto os consumidores.
Além disso, o excesso de minerais como cobre e ferro pode gerar desequilíbrios metabólicos.
O médico veterinário tem papel estratégico na vigilância nutricional e na garantia de alimentos seguros, atuando desde a origem da produção até a inspeção final dos produtos de origem animal.
Escolhas conscientes e rastreabilidade
Para o consumidor, entender o impacto da nutrição animal ajuda a fazer escolhas mais conscientes.
Selos como “Orgânico”, “Criado a pasto” e “Bem-estar animal” indicam boas práticas de manejo. Muitos produtos hoje trazem QR Codes que permitem rastrear toda a cadeia produtiva — um reflexo da evolução da transparência e segurança alimentar no Brasil.
A qualidade dos alimentos de origem animal começa muito antes de chegar à mesa: está na ração, no pasto e no manejo nutricional definido por profissionais qualificados.
O médico veterinário é o elo que conecta ciência, produção e saúde pública — garantindo que a nutrição animal se traduza em alimentos mais seguros, nutritivos e sustentáveis para todos.
Fonte Animal Business Brasil
